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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O Falso Monge (Lendas)



                              O Falso Monge (Lendas)


“Numa das várias vilas antigas do Japão, morava uma velhinha que havia perdido seu companheiro há pouco tempo, e cada dia que passava a saudade batia mais forte. Quando isso acontecia, ela rezava muito, às vezes quase o dia inteiro.

Um dia, alguém bateu à porta; quando ela atendeu, deparou-se com o suposto monge viajante, que lhe pediu:

- Senhora, estou perdido por esses cantos, será que eu poderia passar a noite aqui?

A velhinha então pensou: “Puxa, se ele é monge, pelo menos poderá rezar direito, assim como manda o budismo”.

Então ela aceitou a proposta, e logo que ele se acomodou, ela lhe serviu várias comidas.

Logo após o homem ter se esbaldado com tanta comida, a velhinha lhe fez um pedido:

-Senhor monge, o senhor poderia rezar pela alma de meu marido que faleceu recentemente?

Depois de ouvir a senhora, ele ficou um pouco perturbado. Na verdade o homem nem monge era, ele vestia trajes de monge e raspava a cabeça apenas para dormir de graça nas casas das pessoas. Assim, o homem pensou:“Como eu vou sair dessa?”. Sem saber direito como proceder. 
Ele ficou olhando para toda a casa até que viu um buraco com um pequeno ratinho. Então o homem pensou em falar frases baseando-se nos movimentos do ratinho.

Em pouco tempo estava tudo preparado, e a velhinha sentada no oratório disse em voz alta:

- Meu marido, esse monge que veio aqui hoje, vai rezar por sua alma, graças ao grande Buda!
O monge, que já estava sem jeito, resolveu não recusar a proposta e gaguejando, criou coragem olhando para o ratinho:

- Devagar, devagar ele vem chegando...

Ele falava com tal afirmação que parecia estar rezando de verdade. E como a velhinha estava muito concentrada continuou:

- Devagar e devagar ele está espiando... Devagar e devagar ele parece estar cochichando...

As frases nem de longe pareciam reza, mas a velhinha estava crente na identidade do monge, que percebeu e continuou:

- Devagar e devagar ele vai espiando... E depois cochichando... Agora ele está saindo... Agora saiu...

No dia seguinte a velhinha agradeceu o falsário, que saiu sem falar nada e logo depois de ter andado um pouco, começou a rir por ter pregado mais uma peça. A velhinha, no entanto, começou a rezar da forma que havia aprendido.

Num certo dia, um ladrão entrou na casa da velha senhora e, quando estava entrando para escolher o que roubar, ele ouviu:

- Devagar, devagar ele está chegando...

Por um momento o ladrão ficou assustado. Não havia ninguém naquele cômodo. Como seria possível? Ele então continuou a escolher os objetos:

- Devagar e devagar ele está espiando...

O ladrão, incomodado, falou consigo mesmo:

- Será que a pessoa que mora aqui consegue enxergar no escuro?

De repente, ele ouviu:

- Ele está cochichando...

O ladrão assustado começou a dar meia volta para sair... E de surpresa ouve:

-Devagar ele está saindo...

O ladrão, incomodado, falou consigo mesmo:


A velhinha, no entanto, estava tão entretida pela reza que nem percebeu o barulho na casa.”  
Obs.: Texto original extraído do site www.pdacinho.onrgaibr.com

Análise do texto:

Se mantivermos os nossos pensamentos e sentimentos puros, no final o mal vem para o bem.



Escrito por: YoshioNouchi

O Pilão Mágico



O Pilão Mágico


“Era uma vez dois irmãos que viviam juntos em um pequeno vilarejo. O irmão mais velho trabalhava duro o tempo todo, porém o mais novo era muito preguiçoso e não procurava nada para fazer. Um dia, o irmão mais velho foi em direção as montanhas em busca de trabalho. Enquanto caminhava, um homem idoso surgiu à frente dele e lhe deu um pilão feito de pedra, do tipo usado para triturar arroz ou moer trigo para fazer farinha.

- Este é um pilão mágico que dará a você qualquer coisa que deseje – contou o homem.

Feliz da vida, o irmão mais velho correu para casa com o pilão, gritando:

- Por favor, me dê arroz. Precisamos de arroz – falando desse modo, ele enfiou o socador no pilão. De uma só vez surgiram muitos e muitos quilos de arroz. Havia tanto arroz que ele distribuiu para todo o vilarejo.

- Isso é maravilhoso! Será de grande ajuda, muito obrigado! – disseram os aldeões, que estavam muito felizes. Todos menos o irmão preguiçoso.

- Eu gostaria de ter esse pilão. Poderia usá-lo muito melhor – resmungou para si mesmo.

Um dia, ele roubou o pilão mágico e fugiu.

- Ninguém conseguirá me alcançar se eu puder chegar até o oceano – pensou, enquanto corria para o mar.

Quando chegou ao mar, o irmão preguiçoso encontrou um pequeno barco a remo. Ele o pegou e remou com toda a força em direção ao alto mar. Logo estava muito distante, bem no meio das ondas grandes.

- Já sei! Gostaria de ter um monte de bolinhos doces e deliciosos – pediu o jovem enquanto batia com o socador dentro do pilão.

- Puxa! Como são bons! E que monte de bolinhos eu consegui!
O irmão preguiçoso comeu todos os bolinhos de arroz. Eram tantos, e tão doces, que ele começou a sentir vontade de comer algo salgado para tirar o sabor doce da boca.

Então, enfiou o socador dentro do pilão novamente e ordenou:

- Desta vez, mê de sal. Quero sal! Quero sal!

E assim o sal saiu aos montes do pilão, muito branquinho e brilhante. E continuou vindo e vindo.

- Já basta! – gritou ele. - Tenho o suficiente. Pare!

Mas o sal continuou vindo e vindo, e o barco começou a afundar.
Quando o irmão afundou com o barco, ele ainda gritava:

- Já basta! Já basta!

Mas o pilão continuou produzindo mais e mais sal, mesmo no fundo do oceano, e continua isso até hoje. É por isso que a água do mar é salgada.” 

Obs.: Livro de consulta: As Histórias Preferidas das Crianças Japonesas, Livro 02, 2005, pág. 06, Editora JBC. 

Análise do texto:

Em outras palavras, quem se esforça e procura conhecer a Verdade, irá vivenciar dentro de si, onde todas as dúvidas da Criação passarão a ser esclarecidas, assim, passando a atuar construtivamente.

Recebendo conscientemente, poderá trabalhar distribuindo verdadeiramente aos outros, e no caso da história, a fartura do arroz simboliza a fartura do saber espiritual.

E o irmão mais novo era muito preguiçoso, e não procurava nada para fazer, preferindo ficar no sopé da montanha, que na sua indolência espiritual, não estava disposto a se movimentar, procurando sempre o caminho mais fácil, e se possível, reivindicar as riquezas do Paraíso Espiritual, de uma forma mais cômoda possível.

O mesmo texto nos traz um segundo ensinamento de que não devemos nos apropriar indevidamente de uma mensagem elevada ou uma mensagem do Altíssimo, utilizando apenas para fins impuros e egoístas, ou para atender as nossas fraquezas e a nossa vaidade.

O afundar no mar, significa que ele deixou de existir e atuar conscientemente nesta vida terrena pesada e no mundo mais fino.

Esta história dos dois irmãos é um alerta, no qual o irmão mais novo se julgou pelo seu próprio proceder.Uma advertência, para que nossos nomes não sejam apagados do livro da vida.



                                               Escrito por: Yoshio Nouchi      

O Velho Que Faz Florir as Cerejeiras



O Velho Que Faz Florir as Cerejeiras


“Era uma vez um velhinho muito bondoso que vivia com a sua esposa em um pequeno vilarejo do Japão. Ao lado de sua casa morava um outro velhinho, muito malvado, e sua mulher. O velhinho bondoso e sua esposa tinham um pequeno cachorro branco chamado Shiro. Eles o amavam muito, e sempre lhe davam coisas deliciosas para comer. Mas o velho malvado detestava cachorros, e toda vez que via Shiro, atirava pedras nele.

 Um dia Shiro latiu ruidosamente no quintal. O velhinho bondoso foi até lá ver qual era o problema. Shiro continuou a latir, e começou a cavar um buraco no chão.

- Oh, você quer que eu lhe ajude a cavar?- perguntou o velhinho. Ele buscou uma enxada e começou a cavar. De repente, sua enxada acertou em algo duro. Ele cavou mais fundo e encontrou um pequeno pote de ouro enterrado! O velhinho bondoso levou o pote para a casa e agradeceu Shiro por tê-lo levado até o ouro.

Porém, o velhinho malvado e sua esposa estavam espionando os vizinhos e viram tudo o que aconteceu. Eles também queriam o ouro, então no dia seguinte o velhinho malvado perguntou se podia levar Shiro emprestado por um instante.

-Ora, claro que pode, se lhe for útil de alguma forma- respondeu o velho bondoso.

O velhinho malvado levou o Shiro até seu terreno e ordenou ao cão:

- Agora encontre o ouro para mim também ou vou lhe dar uma surra. Shiro começou a escavar o chão. O velhinho malvado amarrou o cão em uma árvore e continuou a cavar sozinho. Porém, tudo o que encontrou foi um monte de quinquilharias! Isso deixou-o tão bravo que ele bateu na cabeça de Shiro com a sua pá e o matou.

O velhinho bondoso e a sua esposa ficaram muito tristes com a morte de Shiro. Eles enterraram o cachorro em seu terreno e plantaram um pinheiro sobre a sepultura. Todos os dias, eles iam até o túmulo e regavam o pinheiro com amor.

O pinheiro começou a crescer e em um curto espaço de tempo tornou-se grande. A esposa do velhinho bondoso lhe disse:

-Lembra-se de como Shiro gostava de comer bolo de arroz?

Vamos cortar a árvore e fazer um pilão com o seu tronco. Com o pilão faremos bolos de arroz em memória de Shiro.

Assim, o velhinho bondoso cortou a árvore e fez um pilão.

Ele encheu-o de arroz cozido e começou a esmagá-lo com um socador para fazer os bolos. Mas, toda vez que socava o arroz, ele se transformava em ouro! Assim, o velhinho bondoso e sua esposa ficaram ainda mais ricos.

Mais uma vez o velhinho malvado e sua esposa espionavam através da janela quando o arroz se transformou em ouro, e quiseram ouro também. No dia seguinte, o velhinho malvado perguntou se poderia levar o pilão emprestado:

–Claro, por que não?- disse o velho bondoso.

Então, o velhinho malvado levou o pilão para a sua casa e o encheu de arroz cozido.

-Agora veja- ele disse à esposa. – Quando eu começar a esmagar o arroz, ele se transformará em ouro. Assim que ele começou a esmagar, o arroz se transformou em lixo malcheiroso! Isso deixou o velhinho malvado tão bravo que ele quebrou o pilão e queimou os pedaços em sua lareira.

Quando o velhinho bondoso foi buscar o pilão, encontrou-o transformado em cinzas. Ele ficou muito triste, porque o pilão fazia-o lembrar de Shiro. O velhinho bondoso recolheu um pouco das cinzas e levou-as para casa com ele. Isso aconteceu no meio do inverno, e todas as árvores estavam sem folhas. O velhinho bondoso decidiu espalhar um pouco de cinzas em seu quintal. Ao fazê-lo, as cerejeiras começaram a florescer. Todos vieram ver essa cena misteriosa, e mesmo o lorde que vivia em um castelo próximo ouviu falar do ocorrido.

O lorde tinha uma cerejeira que cuidava com muito carinho. Todo ano, ele mal podia esperara chegada da primavera para ver suas flores belíssimas. Porém, na primavera daquele ano, o lorde descobriu que a árvore estava morta, e ficou muito triste. Ao ouvir falar das cerejeiras do velhinho bondoso, enviou um servo até ele e pediu-lhe para fazer a sua árvore voltar a vida.

O velhinho bondoso levou um pouco das cinzas até a árvore do lorde. Então, subiu na árvore, atirou as cinzas sobre os galhos secos e, em um piscar de olhos, a árvore inteira estava coberta com as mais belas flores de cerejeira jamais vistas.

O lorde ficou muito satisfeito e deu aos velhinhos um título novo: ‘Senhor Velho Que Faz Florir as Cerejeiras’.

O Senhor Velho Que Faz Florir as Cerejeiras e sua esposa tornaram-se muito ricos e viveram felizes por muitos anos.” 

Obs.: Livro de consulta: As Histórias Preferidas das Crianças Japonesas, livro 01,2005, pag. 77, Editora JBC.

Análise do texto:

Resumindo, não importa quanto venham a nos prejudicar, mas se sempre nos mantivermos bondosos e gentis com todos, e se procedermos com amor nas atividades do dia a dia, estaremos embelezando primeiramente o jardim mais próximo de nós, lá no mundo mais fino, a tal ponto que seremos convidados a embelezar outros jardins, muitos mais extensos e elevados, na morada dos espíritos puros, recebendo ricos tesouros espirituais como recompensa de uma longa jornada.




  Escrito por: YoshioNouchi 

O Ogro e o Galo



O Ogro e o Galo

“Era uma vez uma montanha tão alta que parecia tocar o céu. No topo dela vivia um ogro terrível. Ele tinha pele vermelha, um único chifre na cabeça e estava sempre fazendo maldades com o povo do vilarejo ao pé da montanha.

Numa manhã, os camponeses do vilarejo que trabalhavam ao pé da montanha foram para seus campos e viram suas plantações arruinadas. Alguém as arrancou e pisou sobre elas até que não restasse uma única planta inteira.

Eles se perguntaram quem poderia ter feito tal maldade, até que viram as pegadas do ogro espalhados pelo chão.

Os camponeses ficaram enfurecidos. Eles estavam cansados das travessuras do ogro e, quando olharam os vegetais destruídos por todos os lados, ficaram ainda mais furiosos.

Os camponeses apontaram para a montanha e gritaram:

-Seu ogro malfeitor! Por que não pára de fazer essas maldades: Desta vez, nós lhe daremos uma surra!

O ogro olhou para baixo e respondeu com sua voz terrível:

-Vocês precisam me dar um humano todos os dias para meu jantar. Desse modo, vou deixá-los em paz.

Os camponeses nunca tinham ouvido um pedido como aquele. Eles levantaram suas enxadas para o ogro e gritaram de volta:

-Quem você pensa que é para querer comer um humano todos os dias?

-Eu sou o ogro dos ogros- urrou o ogro de volta. – Isso é o que sou! Não há absolutamente nada que eu não possa fazer! Ha, ha, ha!

A voz do ogro ecoou ruidosamente através das montanhas e fez todas as árvores se inclinaram e balançarem.

-Muito bem, então- os camponeses gritaram de volta. – Vamos ver o quanto é poderoso! Se puder construir uma escadaria de pedra com uma centena de degraus por todo o caminho até o topo da montanha, nós lhe daremos tudo o que desejar:

-Ora, certamente posso fazer isso! – o ogro respondeu. – Se não tiver terminado a escadaria antes do primeiro galo cantar amanhã de manhã, prometo ir embora e nunca mais amolar vocês.

Assim que escureceu, o ogro seguiu para o vilarejo e colocou uma capa de palha sobre a cabeça de todos os galos, de modo que não pudessem ver o sol nascer. Então, o ogro disse para si mesmo:

-Agora construirei aquela escadaria! E se pôs a trabalhar.
O ogro trabalhou rapidamente e com tanto afinco que ele já tinha colocado noventa e nove degraus no lugar quando o sol começou a nascer no leste. Mesmo assim, ele sorriu para si mesmo, sabendo que os galos não cantariam, e que ele ainda teria muito tempo para colocar o último degrau na escadaria.

Porém, uma deusa bondosa também vivia na montanha. Ela vinha observando o ogro, e viu o truque sujo que ele estava fazendo. Assim, enquanto o ogro descia a escadaria para buscar a última pedra, a deusa voou até o vilarejo e tirou a capa de palha da cabeça de um dos galos.

O galo viu o sol nascer e cantou ruidosamente:

- Co-co-ri-có!

Isso acordou os outros galos, que começaram a cantar em coro. O ogro ficou estarrecido.

-Eu perdi!- gritou ele. – E havia apenas mais um degrau para fazer!

Mas até os ogros precisam cumprir as promessas. Assim, ele bateu em seu chifre, desapontado, e seguiu para longe das montanhas. Ninguém jamais viu o ogro novamente, e os camponeses viveram muitos felizes ao pé da montanha. “Eles terminariam a escadaria até o topo e sobem até lá nas noites de verão para apreciar a vista maravilhosa.”

Obs.: Livro de consulta: As histórias preferidas das Crianças Japonesas,
Livro 01,2005, pag. 86

Análise do texto:

Para entender melhor esta mensagem, devemos trocar alguns personagens.

Iremos considerar o Ogro como uma figura importante da humanidade ou uma parte das criaturas humanas, e o galo o badalar de um grande sino, sinalizando o fim de um período e o início de outro.

Nós, seres humanos, sempre julgamos estar muito mais acima do que realmente somos, onde aprendemos a apreciar essa mania de nos auto valorizar e nos glorificar.

Exaltam suas obras, suas conquistas e seus feitos terrenos, sem saber e sem agradecer Àquele que dá a possibilidade para tudo o que deseja.Outros, não perdem a oportunidade de lesar ou prejudicar seus semelhantes.

Em outros casos, vários alertas desceram para diversos povos, para que nós não empreendêssemos todo o nosso tempo e esforço para rolar pedra montanha acima, assim, para que não ficássemos presos apenas ao terrenal.

As primeiras horas do cantar do galo do amanhã de manhã, conforme a história representa, o prazo destinado para todos acordarem para a verdadeira vida.

Todos foram alertados, para que não viessem a agir como os Ogros, dedicando todo o seu esforço para concluir um grande feito terreno, que era a conclusão de uma escada de pedras até o topo da montanha, supondo ainda que teria muito tempo, sorrindo para si mesmo, porque ele ardilosamente colocou uma capa de palha sobre a cabeça de todos os galos.

Ao amanhecer com o sinal do galo, é um alerta de que o prazo de desenvolvimento da humanidade está chegando ao fim, e quando esgotar às 12h se fará ouvir o badalar do relógio universal, sem acrescentar mais nenhum minuto.


A terra ficará vazia destas criaturas maldosas, arrogantes e ingratas, e o pouco que apesar do sofrimento se mantiver puro e implorar por auxílio, será possibilitado subir a escadaria e apreciar a vista maravilhosa.

O Ogro e o Galo, uma mensagem de um profundo significado espiritual, para cada um de nós e para toda a humanidade.




Escrito por: YoshioNouchi

sábado, 25 de outubro de 2014

As Estátuas Agradecidas



As Estátuas Agradecidas


“Há muito tempo, um casal de idosos muito gentil vivia em um vilarejo no Japão. O marido e a esposa eram muito pobres e passavam o dia inteiro fazendo chapéus de palha. Sempre que terminava uma série de chapéus, o velhinho os levava ao vilarejo mais próximo para tentar vendê-los.

Um dia, o velhinho disse à sua esposa:

- Em dois dias será Ano Novo. Como eu gostaria de ter alguns bolinhos de arroz para comer nesse dia! Mesmo um ou dois pequenos bolos seriam suficientes. Sem bolinhos de arroz nós não teremos como celebrar o Ano Novo.

-Muito bem- respondeu a velhinha.Após você vender esses chapéus que estamos fazendo, compre alguns bolinhos de arroz para o Ano Novo.

De manhã bem cedo o velhinho pegou os cincos chapéus novos que tinha feito e foi a cidade vendê-los. Porém, ao chegar lá, não conseguiu vender um único chapéu. E, para piorar as coisas, começou a nevar muito.

O velhinho se sentiu muito triste enquanto caminhava por uma trilha solitária montanha abaixo, quando de repente passou em frente a uma fila de seis estátuas de Jizo, protetor das crianças, todas cobertas por uma grande camada de neve.

-Puxa! É realmente uma pena- disse o velhinho. - Sei que são apenas estátuas, mas ficar aqui parado em meio a essa neve deve ser muito frio.

E disse para si mesmo:

-Já sei o que farei.

 Ele desatou os cincos chapéus novos de suas costas e começou a prendê-los, um a um, na cabeça das estátuas.

Quando o velhinho foi cobrir a última estátua, de repente se deu conta que todos os demais chapéus estavam sobre as estátuas.

-Que pena! - disse ele. - Eu não tenho chapéus suficientes para cobrir todas elas.

Mas, nesse momento, o velhinho lembrou-se de seu próprio xale. Assim, ele o retirou de sua cabeça, enrolou-o na cabeça da última estátua e voltou para casa.

Ao chegar em casa, a velhinha esperava o marido sentada perto da lareira. Ela olhou para ele e exclamou:

-Você deve estar quase morto de frio! O que fez com o seu xale?

O velhinho retirou a neve de seu cabelo e se aproximou do fogo. Ele contou à esposa como tinha dado todos os chapéus novos e seupróprio xale para as seis estátuas de Jizo. Ele também disse que sentia muito por não ter conseguindo trazer para casa nenhum bolinho de arroz.

-Foi muita generosidade o que fez pelas estátuas- afirmou a velhinha.

Ela estava muito orgulhosa do marido e falou:

-É melhor fazer uma bondade assim do que ter todos os bolinhos de arroz do mundo. Nós ficaremos bem mesmo sem nenhum bolinho no dia de Ano Novo.

Era tarde da noite e o casal de velhinhos logo foi para a cama.

Pouco antes de alvorecer, enquanto estavam dormindo, uma coisa maravilhosa aconteceu.

Ao longe ouviram uma canção:

-Um velhinho gentil caminhando na neve deu seus chapéus às estátuas de Jizo,assim retribuiremos com alegria!

As vozes se aproximaram mais e mais, até que pesados passos podiam ser ouvidos na neve.

Os passos se dirigiam a casa onde o velhinho e sua esposa estavam dormindo. De repente, ouviu-se um barulho, como se algo tivesse sido colocado bem na frente da sua casa.

O casal de velhinhos saltou da cama e correu até a porta.

Ao abri-la, o que acham que encontraram?

Colocado muito ordenadamente em frente a casa, estava o maior e mais bonito bolinho de arroz que os velhinhos jamais viram.

-Quem pode ter nos trazido um presente tão maravilhoso?- perguntaram, enquanto olhavam ao redor.

Na neve, eles viram algumas pegadas, que se enfileiravam para longe de casa. A neve estava tingida com as cores do alvorecer.

Ao longe, caminhando sobre o vale branco, podia se ver as seis estátuas de Jizo, ainda com os chapéus que o velhinho tinha lhes dado. O velhinho mal se conteve de tanta alegria e disse:

-Foi o Jizo de pedra que trouxe este bolo de arroz maravilhoso para nós! – falou o velhinho.

A velhinha então respondeu:

-Você foi muito generoso ao dar-lhes seus chapéus. Assim, eles nos trouxeram este bolinho de arroz para demonstrar a sua gratidão.

E o casal de velhinhos teve uma celebração de Ano Novo magnífica, porque tinha um delicioso bolinho de arroz para partilhar.”  

Obs.: Livro de consulta: As Histórias Preferidas das Crianças Japonesas, livro 01,2005, pag. 94, Editora JBC.

Análise do texto:

Esta história simples e singela, apenas nos ensina que, apesar da não realização dos desejos terrenos, devemos nos manter sempre gentis e generosos com o próximo e com todas as coisas a nossa volta.

Se tecermos fios puros e luminosos, outros auxiliadores estarão trabalhando durante o nosso sono ou durante nossa vida terrena, e quando nós acordarmos um dia lá do outro lado, ricos presentes já estarão nos aguardando.

O grande bolinho de arroz, conforme a história é contada, não poderia ocorrer na vida terrena de matéria grosseira, e assim, mostra o simbolismo lá no mundo mais fino.


Uma bela história, para que cada um de nós possa repensar o nosso proceder do dia a dia.




     Escrito por: Yoshio Nouchi