O Falso Monge (Lendas)
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“Numa das várias vilas antigas do Japão, morava uma velhinha que havia perdido seu companheiro há pouco tempo, e cada dia que passava a saudade batia mais forte. Quando isso acontecia, ela rezava muito, às vezes quase o dia inteiro.
Um dia, alguém bateu à porta; quando ela atendeu, deparou-se com o suposto monge viajante, que lhe pediu:
- Senhora, estou perdido por esses cantos, será que eu poderia passar a noite aqui?
A velhinha então pensou: “Puxa, se ele é monge, pelo menos poderá rezar direito, assim como manda o budismo”.
Então ela aceitou a proposta, e logo que ele se acomodou, ela lhe serviu várias comidas.
Logo após o homem ter se esbaldado com tanta comida, a velhinha lhe fez um pedido:
-Senhor monge, o senhor poderia rezar pela alma de meu marido que faleceu recentemente?
Depois de ouvir a senhora, ele ficou um pouco perturbado. Na verdade o homem nem monge era, ele vestia trajes de monge e raspava a cabeça apenas para dormir de graça nas casas das pessoas. Assim, o homem pensou:“Como eu vou sair dessa?”. Sem saber direito como proceder.
Ele ficou olhando para toda a casa até que viu um buraco com um pequeno ratinho. Então o homem pensou em falar frases baseando-se nos movimentos do ratinho.
Em pouco tempo estava tudo preparado, e a velhinha sentada no oratório disse em voz alta:
- Meu marido, esse monge que veio aqui hoje, vai rezar por sua alma, graças ao grande Buda!
O monge, que já estava sem jeito, resolveu não recusar a proposta e gaguejando, criou coragem olhando para o ratinho:
- Devagar, devagar ele vem chegando...
Ele falava com tal afirmação que parecia estar rezando de verdade. E como a velhinha estava muito concentrada continuou:
- Devagar e devagar ele está espiando... Devagar e devagar ele parece estar cochichando...
As frases nem de longe pareciam reza, mas a velhinha estava crente na identidade do monge, que percebeu e continuou:
- Devagar e devagar ele vai espiando... E depois cochichando... Agora ele está saindo... Agora saiu...
No dia seguinte a velhinha agradeceu o falsário, que saiu sem falar nada e logo depois de ter andado um pouco, começou a rir por ter pregado mais uma peça. A velhinha, no entanto, começou a rezar da forma que havia aprendido.
Num certo dia, um ladrão entrou na casa da velha senhora e, quando estava entrando para escolher o que roubar, ele ouviu:
- Devagar, devagar ele está chegando...
Por um momento o ladrão ficou assustado. Não havia ninguém naquele cômodo. Como seria possível? Ele então continuou a escolher os objetos:
- Devagar e devagar ele está espiando...
O ladrão, incomodado, falou consigo mesmo:
- Será que a pessoa que mora aqui consegue enxergar no escuro?
De repente, ele ouviu:
- Ele está cochichando...
O ladrão assustado começou a dar meia volta para sair... E de surpresa ouve:
-Devagar ele está saindo...
O ladrão, incomodado, falou consigo mesmo:
A velhinha, no entanto, estava tão entretida pela reza que nem percebeu o barulho na casa.”
Obs.: Texto original extraído do site www.pdacinho.onrgaibr.com
Análise do texto:
Se mantivermos os nossos pensamentos e sentimentos puros, no final o mal vem para o bem.
Escrito por: YoshioNouchi
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