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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

O Coelho que Cruzou o Mar



O Coelho que Cruzou o Mar



“Era uma vez um coelho branco que queria cruzar o mar. Em meio às ondas, ele sempre avistava uma bela ilha, e sentia um grande desejo de ir até lá. Mas ele não sabia nadar e não havia barcos ao redor. Então teve uma ideia.

Chamou um tubarão que nadava por ali e perguntou:

-Diga-me, senhor tubarão, qual de nós dois tem mais amigos, eu ou você?

-Com certeza tenho mais amigos- respondeu o tubarão.

-Bem, vamos contá-los para comprovar- falou o coelho. - Por que não alinha todos o seus amigos no mar entre este local e aquela ilha? Então eu poderei contá-los.

Todos os tubarões se alinharam no mar, e o coelho seguiu saltando sobre suas costas, contando:

-Um, dois, três, quatro, cinco...

Finalmente, o coelho alcançou a ilha. Então ele voltou até os tubarões, e disse:

-Ha, ha, seus tubarões estúpidos! Eu certamente enganei vocês. Fiz com que formassem uma ponte para mim, sem que se dessem conta disso.

Os tubarões ficaram muito bravos. Um deles avançou sobre o coelho e o alcançou com os dentes afiados, arrancando um pedaço de seu pelo.

-Oh, isso dói! – gritou o coelho a chorar.

Nesse momento, o rei da ilha passou por ali.

Ele perguntou ao coelho qual era o problema, e ao ouvir a história, disse:

-Você nunca mais deve enganar os outros e contar mentiras. Se prometer ser bom, lhe direi como você poderá conseguir seu pelo novamente.

-Oh, eu prometo! – respondeu o coelho.

O rei recolheu juncos e fez um ninho com eles.

-Agora, durma aqui nesse ninho de juncos durante toda a noite e seu pelo crescerá de volta – ordenou o rei.

O coelho fez como lhe foi dito. Na manhã seguinte, ele foi até o rei e agradeceu:

-Muito obrigado, meu pelo cresceu de volta e me sinto bem novamente. Obrigado! Obrigado!

O coelho saiu pulando, dançando e cantando. E nunca mais enganou ninguém.” 

Obs.:Livro de consulta: As Histórias Preferidas das Crianças Japonesas, Livro 01,2005, pág. 91, Editora JBC.

Análise do texto:

A história nos deixa três ensinamentos:

O primeiro, mostra um indivíduo acomodado, que aspira transpor para o Além, no caso, exemplificando pela imensidão do mar, que após este mundo terreno, pressente uma bela ilha.

Como o personagem da história não se preparou durante toda a sua vida terrena para esse dia, não tinha aptidões para essa travessia, e resolveu usar a trapaça para atingir seu alvo.

O segundo ensinamento nos alerta para que não venhamos ferir ou prejudicar o próximo, apenas para atender os nossos desejos ou as nossas vaidades.


O terceiro nos ensina que um arrependimento sincero, nos purifica e nos liberta.

Toda esta bela história é um alerta para que cada um de nós fiquemos duplamente vigilantes nesta vida terrena.




 Escrito por: Yoshio Nouchi

O Vendedor de Sandálias



O Vendedor de Sandálias

“Há muito, muito tempo, em certo lugar, viviam um velhinho e sua esposa. Eles eram honestos, mas extremamente pobres. Um dia, perto do fim do ano, os dois escutaram algumas crianças cantando do lado de fora da casa.

A canção que as crianças cantavam era assim:

“Oh, Senhor Ano Novo, onde está você?

Estou bem atrás das montanhas de neve.

Oh, não se esqueça de nos trazer doces e lembranças.

Sim, darei bolinhos mochi redondos para as crianças”.

Ouvir as crianças cantando sobre o Ano Novo fez com que o velhinho e sua esposa se sentissem muito tristes e sozinhos. Isso porque este ano eles não tinham dinheiro e não podiam celebrar o Ano Novo.

- Oh, querido – a esposa idosa suspirou. - O Ano Novo é depois de amanhã e nós não temos nenhum arroz. Assim, não podemos fazer bolinhos mochi. Não teremos nenhum mochi para comer no dia de Ano Novo, e Ano Novo sem mochi não é Ano Novo.

O velhinho se sentou triste ao seu lado, balançando a cabeça. Mas, de repente, teve uma ideia.

- Eu sei o que farei. Levarei as sandálias de palha para o povoado e as venderei em um instante. Com o dinheiro poderemos comprar algum arroz e fazer bolinhos mochi.

O velhinho foi ao povoado, carregando as sandálias de palha em uma longa vara apoiada sobre as costas. Era um dia muito, muito frio, com vento forte e repleto de neve.

Ao chegar ao povoado, começou a caminhar pelas ruas gritando:

- Sandálias de palha! Sandálias de palha!

Mas todos estavam muito ocupados e ninguém queria comprar sandálias de palha. Ele prosseguiu caminhando, caminhando e gritando:

- Sandálias de palha! Sandálias de palha!

Porém, não conseguiu vender um único par.

Logo depois, outro homem idoso veio pela rua vendendo carvão vegetal. 
Ele gritava: - Carvão! Carvão!

Os dois velhinhos se encontraram na rua e começaram a conversar.

- Como vão os negócios? – perguntou o vendedor de carvão.

- Terríveis! – respondeu o vendedor de sandálias. – Eu ainda não vendi um único par. Todos estão ocupados demais se preparando para o Ano Novo.

- Eu também não consegui vender nenhum carvão – disse o outro. – Venha, vamos caminhar juntos para ver se temos maior sorte.

Assim, eles se puseram a andar juntos.

- Sandálias de palha! Sandálias de palha! – gritava um.

- Carvão! Carvão! – gritava o outro.

Mesmo assim, eles não conseguiram vender nenhuma mercadoria. O tempo foi passando, passando, e suas vozes foram ficando mais e mais fracas. Também estavam com muito frio, e nevava ainda mais. Finalmente, escureceu por completo, e eles não tinham feito uma única venda. Desse modo, decidiram parar e voltar para casa.

Então, o vendedor de carvão disse:

- É realmente muito ruim levar para casa as mesmas coisas que trouxemos. Por que não trocamos? Assim, você poderá levar meu carvão para casa e eu levarei suas sandálias de palha.

- Essa é uma boa ideia – concordou o vendedor de sandálias. Assim, eles trocaram de mercadoria e foram embora.

Quando o vendedor de sandálias chegou em casa, sentia muito frio. Ele contou à velha esposa as más notícias: não conseguira ganhar um único centavo.

- Mas pelo menos eu trouxe esse carvão – ele disse à mulher. – E nós podemos nos aquecer.

Assim, acenderam a lareira com o carvão e sentaram-se em volta para se aquecer. Porém, caíram no sono, e não notaram a presença de um minúsculo ogro, que pulou sobre o fogo e se escondeu em seu armário para observá-los. O ogro tinha apenas uma polegada de altura, mas se parecia com o vendedor de carvão que o velhinho encontrara naquele dia.

Após o velhinho e sua esposa irem para a cama, o ogro saiu de seu esconderijo e disse: - Hoje, eu senti pena desse pobre velhinho e lhe dei esse carvão mágico. Toda fagulha que cair de seu fogo se transformará em um pedaço de ouro. Depois, o ogro desapareceu.

Desse modo, quando o velhinho e sua esposa acordaram na manhã seguinte, encontraram uma grande pilha de ouro perto da lareira. Eles ficaram muito surpresos e também muito felizes. Assim, puderam comprar todo o arroz que quiseram, e fizeram mochis deliciosos no Ano Novo. E o velhinho nunca mais teve de sair na neve para vender sandálias de palha.” 

Obs.: Livro de consulta: As História Preferidas das Crianças Japonesas, Livro 02, 2005, pg. 58, Editora JBC.

Análise do texto:

Apesar da não realização dos desejos terrenos, se mantivermos boa vontade,pureza nos pensamentos e no coração, os auxiliadores estarão coletando estas boas sementes e plantando lá num outro mundo mais fino, demonstrando que nós não devemos separar as nossas vidas do Aquém e do Além, sendo apenas uma coisa única, que outros auxiliadores estarão tecendo fios do destino favoráveis ou desfavoráveis, conforme o nosso proceder.


Segue um ditado que se enquadra nesta história:

“Muitas vezes, a não realização dos desejos terrenos é o melhor auxílio”.


    
      Escrito por Yoshio Nouchi

Como Narrar Histórias


Como Narrar Histórias

Podemos narrar algumas histórias japonesas em vários níveis.
Para as crianças, contando da forma mais infantil possível; para um pré-adolescente sendo um pouco mais severo, esclarecendo que podemos receber boas reciprocidades ou não, expressando-se de uma forma suave, mas carregada com um pouco mais de severidade.

Para um adolescente, já apresentando a história com um tom mais grave, o que fizeres aqui também reflete lá, algo como esta sentença: “o que semeares, colherás multiplicado.”

Para o adulto, precisamos ser o mais severo possível, porque de outro modo não surtirá aquele efeito desejado.
 
O educador deve ter cuidado e bom senso, para saber dosar, e assim, não gerar insegurança ou medo nas crianças.


Seria como um botão de rosa; ele deve desabrochar naturalmente, caso contrário,
virá a prejudicar ou até danificar todo o seu desabrochar.


                                             Escrito Por: Yoshio Nouchi

Como Surgiu Esse Link II


Como Surgiu Esse Link II

No ano de 2007, numa reunião com o grupo de jovens antes do ensaio semanal do Taiko (Tambor Japonês), levei um livro das histórias para crianças japonesas, já traduzido na versão em Português. Me recordo de ter contado duas histórias deste livro, e todos se encontravam sentados em círculo, num canto da quadra de esporte.
Fui contando normalmente, como manda uma leitura didática ou como o raciocínio já sabe fazê-lo.
Após passar algumas horas, veio a surpresa; intuitivamente me despertou esta vontade de contá-las. Essas histórias têm um profundo valor, se analisarmos com calma, podemos extrair todo o valor contido nestas Profecias e Revelações, que chegou a posteridade na forma de conceito.
Creio que algumas centenas de anos atrás, deve ter passado nestas regiões um poeta muito inspirado que tinha capacidade de haurir de puras fontes, ou um mediador do Altíssimo, para alertá-lo de que o proceder daquela época iria influenciar nos fios do destino de cada um, sendo que o nosso proceder atual também irá influenciar nos nossos caminhos e destino futuro.
Daí surgiu o desejo de me aprofundar nas leituras dos livros infantis.
Só agora, conseguindo disponibilizar tempo, estou reiniciando esse trabalho e assim, divulgando a outras pessoas.
Assim, espero estar contribuindo para despertar aqueles que anseiam pela Verdade, mesmo sabendo que para os tempos atuais, estas Profecias e Revelações entoam meio estranhas e desajeitadas.       

                                                                                   
 Escrito Por: Yoshio Nouchi

Voltar a Simplicidade


Voltar a Simplicidade


Vamos tomar um exemplo bem conhecido de história para as crianças, em que dois personagens têm como objetivo a bandeirada de chegada. O primeiro costuma ver a estrada como algo normal, não se importando com a poeira, ou a lama, tratando todos esses fatores que estão à sua frente como algo natural, e ainda apreciando cada detalhe, cada novidade com serenidade ou entusiasmo, e assim, por mais longe e difícil que seja, podemos concluir que ele vai chegar à reta final.
Se o segundo olha a caminhada com diversas formas de pensamentos, talvez, como quem não pode perder tempo, atuando sempre na correria, atropelando outros fatores que poderiam enriquecer o eu interior, como se o tempo significasse apenas um fator para acumular riqueza ou ganhar prestígio, e ainda olhando com arrogância e presunção aqueles que vêem a caminhada com simplicidade;  é muito provável que este segundo personagem não vá aproveitar a vida naquela finalidade que foi desejada para cada um.

Assim, podemos concluir que a corrida do coelho e da tartaruga, hoje muito comum na cultura de vários povos, é um alerta e um ensinamento para o nosso proceder terreno e espiritual.
 
O primeiro, apesar do seu lento mas contínuo esforço, pode receber a bandeirada de chegada, ou podemos dizer, sem presunção no pensar e na sua forma simples de atuar, valorizando cada passo, que chegou ao destino.
O outro, com excesso de vaidade e com várias formas de pensamentos, apenas supôs que já estava lá, mas no fim, perdeu a corrida.

Conosco, seres humanos, acontece a mesma coisa; se ficarmos supondo que ainda temos muito tempo, que podemos aguardar e refrescar debaixo de uma boa sombra, ou que podemos ficar olhando com arrogância em relação ao próximo, estamos sim, perdendo tempo precioso nesta longa caminhada pela vida, e a bandeira de chegada, não será agitada para todos.

Assim, podemos deduzir que todos os povos foram alertados, não havendo um que deixou de receber algumas mensagens neste teor de auxílio e advertência.                                      

Voltar a atuar na simplicidade, na pureza dos pensamentos, hoje se tornou difícil para muitos, a vaidade e essa mania de presumir sobre tudo, exclui a possibilidade de compreender toda a grandeza contida na Criação.
                                                                           


Escrito por: Yoshio Nouchi





terça-feira, 11 de novembro de 2014

O Velho com um inchaço na face do rosto



O Velho com um inchaço na face do rosto



“Era uma vez um velhinho muito trabalhador.
Em sua bochecha direita ele tinha um grande tumor benigno, que formava um calombo. Um dia, ele foi para a montanha cortar madeira, e de repente começou a chover.

- Minha nossa! O que vou fazer? – falou.

Ele teve sorte de achar um grande abrigo em uma árvore oca, onde pôde se esconder até a chuva parar. Enquanto esperava, ele começou a cochilar, e acabou adormecendo.

Ao acordar, ficou muito surpreso ao descobrir que já era noite, e que na frente de sua árvore ocorria uma festa completa, com ogros vermelhos e verdes dançando.

- Ahá! –gritou um ogro. – Há um velho dentro da árvore.-e eles o puxaram para fora de seu esconderijo.

- Agora, velho, você, precisa dançar para nós.

Assim, o velho dançou mostrando a sua melhor performance para os ogros.

-  Muito bem, muito bem! Isso foi muito divertido – disseram os ogros, e bateram palmas exultantes.

- Você precisa vir novamente amanhã à noite para nos mostrar sua dança. 

Até lá, vamos guardar o seu calombo para ter certeza de que você virá e dançará novamente.

Eles tiraram o grande calombo da face do homem, pensando que devia ser algo muito precioso. O velho, naturalmente, ficou muito feliz por perder seu calombo e deixou a floresta cantando. Ao chegar em casa, ele contou a história para sua esposa, que estava tão surpresa quanto feliz. Seu marido ficara tão bonito sem o seu tumor!

O vizinho da porta do lado também tinha um calombo feio, e ficou muito animado ao ouvir a história.

- Eu poderia perder meu tumor da mesma forma! – pensou o vizinho, que seguiu para a mesma montanha e se escondeu na mesma árvore. Por fim, os mesmo ogros vieram para a festa.

- Chegou a hora! – disse o segundo velho, ao pular para fora da árvore e começar a dançar.

Porém, ele não pôde dançar tão bem quanto o primeiro velho. Os ogros não ficaram satisfeitos e gritaram:

- Essa dança não é tão boa quanto a primeira que nós vimos na noite passada!

Um deles disse:

- Nunca mais queremos vê-lo dançar! Vamos devolver-lhe o calombo, assim não voltará mais. Os ogros pegaram o calombo que tinham tomado do primeiro velho, puseram no seu vizinho e o expulsaram. O segundo velho voltou triste para casa, com dois calombos na face em vez de um.” 

Obs.: Livro de consulta: As Histórias Preferidas das Crianças Japonesas, livro 02, 2005, pág. 40, Editora JBC.     

Análise do texto:

Daí podemos deduzir que sentimentos de inveja e má vontade só tendem a acumular peso, calombo e sofrimento no nosso corpo de constituição mais fina; diferente da boa vontade e daqueles com disposição de sempre poderem estender a mão e fazer o melhor para o próximo.

Essa é uma mensagem de alerta para o nosso proceder, porque a imagem do velhinho representa o final de um longo período de nossa peregrinação, desenvolvimento e estadia como hóspedes nesta vida terrena de matéria grosseira e de matéria fina.
Diferente quando um espírito humano alcança o Reino Espiritual, o imperecível da Criação.

O Último Exame ou o Exame Final, essa sim, é a mensagem deste precioso texto.

                                                            
                                                                           

                                                           Escrito por: Yoshio Nouchi

UrashimaTaro.



UrashimaTaro.

“Há muito, muito tempo, havia um jovem pescador que vivia no litoral. Seu nome era Urashima Taro.

Um dia, enquanto caminhava ao longo da praia, ele viu que alguns meninos tinham apanhado uma grande tartaruga do mar. Eles estavam importunando e espetando a tartaruga com varetas.

Taro tinha um coração muito bondoso, e odiava ver pessoas sendo cruéis com os animais. Por isso, ele disse: - Meninos, por favor, deixem a tartaruga ir embora. Ela não faz mal a ninguém, e vocês não deviam ser malvados com ela. Tratem de levá-lade volta ao mar.

Os meninos ficaram envergonhados de si mesmos. Eles colocaram a tartaruga de volta na água e a observaram nadar, feliz, para longe.

Muitos dias depois, Taro estava novamente caminhando pela praia quando ouviu uma voz dizendo:

- Taro! Taro!

Ele olhou ao redor, mas não pode ver ninguém.

- Quem está me chamando? – perguntou.

- Aqui estou – disse a voz vinda do mar. Quem falava era uma tartaruga que vinha rastejando na areia.

- Sou a tartaruga que você salvou outro dia. Quando retornei ao palácio no fundo do mar, contei à Princesa do Mar o que você tinha feito. Isso a deixou muito feliz, e ela me pediu para que eu o levasse ao seu encontro.

- Sempre quis visitar o fundo do mar – respondeu Taro, que subiu na carapaça da tartaruga e foi carregado velozmente até muito fundo, onde ficava o grande palácio, nas profundezas do mar.

- Taro, você foi muito bondoso com meu servo, a tartaruga – disse a princesa. – Eu queria lhe agradecer, por isso pedi que a tartaruga o trouxesse até aqui. Por favor, seja meu amigo e esteja no meu palácio para sempre. Nós seremos muito felizes, e você poderá ter tudo o que desejar.

Taro acabou ficando no palácio com a Princesa do Mar. No início, comeu pratos maravilhosos, viu coisas incríveis, e estava muito feliz. Mas, depois de um período que lhe pareceu durar poucos dias, começou a sentir saudades de casa e de seus amigos da superfície.

Ele ficou pensando sobre como estavam seu pai e sua mãe.

- Tenho sido muito feliz aqui, mas quero voltar à terra e ver meu lar e meus amigos. Por favor, me leve de volta à minha terra.

- Está bem, Taro – respondeu a princesa. – Se você está determinado a ir, 
o levarei de volta. Mas fico triste por vê-lo partir. Nós temos sido tão felizes juntos! Como recordação de sua visita, darei a você esta bela caixa. Enquanto a possuir, poderá voltar para me visitar sempre que quiser. Porém, Taro, nunca abra, jamais! Se a abrir, nunca mais poderá voltar aqui. Não abra a caixa.

Taro pegou a caixa, agradeceu a princesa pelo período fantástico que passou no fundo do mar, subiu na carapaça da tartaruga e rumou de volta para casa.

Ao chegar à praia, a vila tinha mudado. Ele não podia nem mesmo encontrar sua própria casa. Foi então que perguntou a algumas pessoas na praia:

- Onde fica a casa de Urashima Taro, e onde estão seus pais?

- Meu jovem, por que você pergunta sobre coisas que aconteceram há muitos e muitos anos? Urashima Taro se afogou há tanto tempo que muitos de nós nem mesmo éramos nascidos. Que estranho você não saber disso!

Taro estava intrigado. Como era possível? Ele era o mesmo, ou pelo menos assim pensava, mas as pessoas e o local eram diferentes. Será que o segredo desse mistério estaria na caixa que a Princesa do Mar havia lhe dado? Ele pensou sobre isso por algum tempo e depois, finalmente, decidiu abrir a caixa, apesar de a Princesa do Mar tê-lo avisado para que nunca o fizesse.

Taro retirou a tampa, e uma estranha fumaça branca saiu da caixa e o envolveu. Ele tocou sua face, e descobriu que estava toda enrugada e que possuía uma longa barba branca. Sem se dar conta, ele havia passado muitos e muitos anos no fundo do mar, e não apenas alguns dias.

A caixa mágica conservara-lhe sempre jovem, mas agora a fumaça vinda da caixa o transformara no homem velho que realmente era. Seus amigos tinham partido, e uma vez aberta a caixa, ele jamais poderia retornar ao palácio da Princesa do Mar. Taro ficou chorando na praia.” 

Obs.: Texto extraído do livro: As Histórias Preferidas das Crianças Japonesas, Livro 02, 2005, pg. 31, Editora JCC.

Análise do texto:


A história nos ensina que há muito tempo, habitávamos uma região onde era o ponto extremo de um reino, onde ele tocava de leve o início de outros reinos inferiores ou planícies.

Para a possibilidade de crescimento, não era possível ascender a novos planaltos superiores, sem antes colher vivência e aprendizado, peregrinando pela Criação, onde para transpor um grande Reino para outro, seria conduzido carinhosamente por servos do Altíssimo, transpondo reinos intermediantes até chegar a parte mais afastada e pesada da Criação.

Só nesta região longínqua seria possível servir de tudo aquilo que era útil para o nosso próprio progresso.

Continuamente deveria empreender um esforço sincero para o reconhecimento das leis eternas da Criação, e trabalhar para promover o bem, assim fazendo desabrochar todas as capacidades latentes da nossa origem.

Devemos nos manter vigilantes e alertas para não cairmos nos engodos dos falsos ensinamentos que semeiam a tentação, e evitando que se caia nas garras do falso príncipe, princesa e de seus súditos, onde eles pregam ruína dos espíritos humanos, baseado numa vida faustosa de gozo, prazeres terrenos e outros, apagando assim, definitivamente as lembranças da terra natal.

Se não empreendermos todos os esforços, correremos sérios riscos, e quando despertarmos no último instante, o nosso espírito já se encontrando velho e cansado, não teria mais forças para encontrar o caminho de volta, perdendo assim a finalidade da própria existência.

Urashima Taro, uma mensagem de grande valor espiritual, para cada um de nós.

  Escrito por: Yoshio Nouchi

A lenda do judô: “Ceder para vencer”


       
A lenda do judô: “Ceder para vencer”

“Existem duas lendas que supostamente deram origem ao judô, uma japonesa e outra chinesa”.

A lenda japonesa falade um salgueiro e de uma cerejeira no inverno.

Os galhos da cerejeira quebravam tal qual fósforos sob o peso da neve, enquanto que o salgueiro, flexível, cedia e fazia a neve escorregar, não
dando a chance de pressioná-lo.

Este é o princípio do Judô: ‘Ceder para Vencer’.” 


Obs.: Texto original extraído do site: www.pdcinho.onegaibr.com

Análise do texto:

Esta singela lenda do judô nos adverte para o que é vivo e o que está morto.




Escrito por: Yoshio Nouchi



  

                                                                   

O Pinheiro Puxa-Puxa




              
      O Pinheiro Puxa-Puxa


“Era uma vez um jovem lenhador que vivia no Japão. Ele era muito pobre, mas de bom coração. Sempre que ia recolher lenha, jamais quebrava os galhos ainda verdes das árvores e sempre recolhia os galhos caídos no chão. Isso porque o bom lenhador sabia o que aconteceria se ele quebrasse uma árvore: a seiva, que é como o sangue da árvore, poderia gotejar e gotejar, como se a pobre árvore estivesse sangrado. O lenhador não queria machucar as árvores e, por isso, nunca quebrava nenhum de seus galhos.

Certo dia, o bom lenhador estava passando sob um pinheiro bem alto em busca de lenha, quando ouviu uma voz dizer:

-Puxa-puxa, minha seiva se esvai; de meus galhos quebrados ela cai.

O lenhador olhou ao redor e percebeu que alguém havia quebrado alguns galhos do pinheiro, e agora sua seiva gotejava. Ele habilmente emendou os galhos quebrados, dizendo:

-Nos galhos frágeis faço um remendo, para a seiva não descer correndo.

Ele cortou as tiras de suas próprias roupas para fazer curativos. Assim que terminou de remendar os galhos, muitas gotas de ouro e prata caíram da árvore- eram moedas! O lenhador ficou muito surpreso e mal pôde acreditar no que seus olhos viam. Ele olhou para cima do pinheiro e agradeceu. Depois, recolheu todas as moedas e levou-as para casa.

O bom lenhador tinha tantas moedas de ouro e prata que imaginou ter se tornado um homem muito rico.

Pinheiros são símbolos de prosperidade no Japão, e com certeza, o pinheiro agradecido retribuiria sua boa ação com este ato de generosidade.

Nesse momento, uma face apareceu na janela da casa do lenhador- era o rosto de outro lenhador. Mas esse lenhador era uma pessoa maldosa. De fato, foi ele quem quebrou os galhos do pinheiro.

Ao ver as moedas, o lenhador mau perguntou:

-Onde você conseguiu todas estas moedas? Que brilhantes e bonitas elas são!

O bom lenhador mostrou as moedas para o outro ver. Elas eram de um formato oval, como as moedas usadas antigamente no Japão;e ele tinha cinco cestas delas. O bom lenhador contou ao outro como conseguiu ganhá-las:

-Foi aquele pinheiro grande?

-Sim, foi! - confirmou o bom lenhador.

-Humm- disse o lenhador mau, e saiu correndo o mais rápido que pôde. 

Ele queria algumas das moedas para si mesmo.

Rapidamente, o mau lenhador foi até o velho pinheiro, e a árvore disse para ele:

-Puxa, puxa, minha seiva se esvai;me toque e verá como ela cai.

-Oh, isso é tudo o que eu quero- disse o mau lenhador. –Uma chuva de ouro e prata!

Ele foi até o pinheiro e quebrou o galho. O pinheiro de repente despejou muitas gotas sobre o mau lenhador. Mas eram gotas de seiva, pegajosas como um puxa-puxa.

O mau lenhador ficou coberto de seiva, braços e pernas. A seiva era tão grudenta que ele não conseguia se mover. Embora tenha gritado por ajuda, ninguém pôde ouvi-lo. Ele teve de ficar ali por três longos dias- um para cada galho que quebrava, até que a seiva se tornasse macia o bastante para ele conseguir se arrastar até a sua casa.


E, após o ocorrido, o mau lenhador nunca mais quebrou outro galho verde de árvore.” 

Obs.: Texto extraído do Livro: As Histórias Preferidas das Crianças Japonesas, Livro 01, pg. 48, Editora JBC.

Análise de texto:

 Procurando simplificar ao máximo, segue a mensagem que foi passada para a posteridade:

 O lenhador era pobre,mas de bom coração, e procurava respeitar tudo o que estivesse a sua volta, onde até um pequeno detalhe lhe era importante, e a natureza retribuía cada ato de generosidade.

 Em outros termos, mas com o mesmo efeito, vale lembrar daquele ditado, o que semear, colherá multiplicado.
   Escrito por: Yoshio Nouchi